Henrique ficou paralisado por alguns segundos, querendo explicar que desde o início tinha confundido a pessoa, mas Bruna, com o rosto frio, disse:
— Espere um pouco, Alexandre, vou pedir para todos saírem.
Aquele era o Grupo Castro, e naquele andar ainda havia funcionários dela.
Ela não queria que seus assuntos pessoais se tornassem de conhecimento geral.
Ao dizer isso, Bruna olhou para o presidente do Grupo Barros, que permanecia em silêncio, e, com o rosto inexpressivo, afirmou:
— Diretor Barros, a partir de agora, a Família Castro e a Família Barros não terão mais nenhuma relação comercial. Pode ir, não vamos acompanhá-lo.
Alexandre respondeu, igualmente frio:
— A Família Viveiros também vai cancelar a parceria com a Família Barros. Pode ir, não vamos acompanhar.
O presidente do Grupo Barros ficou pálido.
A secretária então fez um gesto, indicando o caminho.
Em pouco tempo, restaram apenas Bruna, Alexandre e Henrique no escritório.
Henrique olhou para Bruna, que estava sentada ao lado de Alexandre.
Seu olhar parou no rosto frio de Bruna, e sentiu como se uma mão apertasse seu coração, causando uma dor insuportável.
Antes, Bruna sempre o olhava com delicadeza, seus olhos brilhantes cheios de amor por ele.
Henrique pensou por um bom tempo, até finalmente conseguir dizer:
— Bruna, já dei uma lição na Olívia, você pode voltar para mim?
Alexandre soltou um riso irônico.
Como sempre, o pessoal da Família Machado era realmente muito cara de pau, ainda tinha coragem de pedir para reatar?
Bruna olhou para ele friamente e respondeu com indiferença:
— Já acabamos. Imagino que você já tenha lido minha carta de despedida.
Com os olhos vermelhos, Henrique perguntou, inconformado:
— Você não sente mais nada por mim?
— Não sinto.
Bruna o encarou sem emoção, respondendo com muita calma.
— Desde que descobri que você escondeu de mim que meu medula óssea foi doada para Olívia, eu não quis mais te amar.
— Os sete dias depois disso foram minha fase de dessensibilização. No momento em que escrevi a carta de despedida, decidi que nunca mais queria te ver.
Pensando bem, Henrique foi o primeiro homem por quem ela se entregou de corpo e alma.
Influenciada pelo amor dos pais, sua mente simples acreditava que, se se entregasse de verdade, ele também corresponderia.
Dizer que nunca amou Henrique seria mentira.
Afinal, durante aqueles cinco difíceis anos em que ele ficou com deficiência, ela esteve ao lado dele, enfrentando tudo junto.
Mas, quando ela finalmente pensou em se casar com Henrique, ele a magoou repetidamente por causa de Olívia.
Qualquer um teria dificuldade de aceitar tudo o que aconteceu nesse tempo.
Agora ela sentia até certo nojo dele...
Embora Bruna não tivesse dito nada cruel, o rosto de Henrique ficou ainda mais pálido.
— Henrique, não importa o quanto você insista agora, eu não vou voltar atrás.
— Entre nós, já passou. De agora em diante, vamos agir como estranhos.
Na entrada da mansão, Henrique viu o Porsche partir diante de seus olhos, seus olhos negros cheios de desolação.
Antes, quando ele ficava um pouco abatido, Bruna ficava desesperada tentando animá-lo.
Agora, mesmo vendo-o debaixo de chuva a manhã inteira, Bruna sequer olhou para ele.
Em apenas quinze dias, a atitude de Bruna em relação a ele mudou completamente.
Grupo Castro.
Bruna, como de costume, terminou a reunião matinal, e a secretária entrou com um contrato de compra de carro.
O delicado rosto de Bruna expressou um leve incômodo.
Ela pensou que Henrique estava incomodando de novo, mas a secretária sorriu e colocou o contrato à sua frente:
— Diretora Castro, este foi o Sr. Viveiros que pediu para entregar.
O celular vibrou de repente, era uma mensagem da amiga Estela.
— Bruninha, o Alexandre é realmente atencioso! Ele até me ligou para perguntar que tipo de carro esportivo você gosta.
— Falei logo do caríssimo Pagani, e ele nem piscou antes de encomendar. Ele está realmente apaixonado por você.
Bruna tirou uma foto do contrato e postou nas redes sociais, com a legenda:
— O carro é incrível, e ele também.
À tarde, Alexandre levou Bruna para tirar fotos do casamento.
Henrique entrou atrás no ateliê de vestidos, com os olhos vermelhos, e olhou para Bruna:
— Bruna, por que você não quis aceitar o carro que comprei? Mas aceitou o dele?

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