— Não é que eu não acredite em você, é que conheço a Olívia há dezesseis anos e sete meses, ela nunca mentiu para ninguém.
Henrique franziu as sobrancelhas com força, decidido a encerrar o assunto:
— Bruna, você fez a Olívia chorar, então é sua responsabilidade acalmá-la.
Nesse momento, Olívia, que chorava baixinho, atirou o anel que segurava na mão para dentro da piscina e exclamou:
— Henrique, o anel que você me deu caiu na piscina sem querer.
Ao dizer isso, Olívia olhou para Bruna, os lábios vermelhos erguidos num sorriso provocativo:
— Que tal assim? Não precisa me consolar mais, se você pegar o anel, eu perdoo tudo o que você fez que me magoou.
Era início de inverno, e a água da piscina estava gelada como gelo.
O ferimento na cabeça de Bruna ainda não havia cicatrizado. Ela abaixou a cabeça e olhou para Henrique, que estava sentado.
O homem mantinha o olhar baixo, impossível ver seus olhos.
Seus dedos longos batiam levemente na mesa, a expressão fria e distante, sem lançar-lhe nenhum olhar.
Naquele momento, Bruna sentiu como se algo tivesse perfurado seu coração, uma dor aguda e persistente.
De repente, ela se lembrou de meio ano atrás, quando Henrique recebeu o diagnóstico de deficiência.
Ricardo foi visitá-lo no hospital e, ao saber que as chances de recuperação eram mínimas, começou a escolher outro herdeiro.
Naquela noite, Henrique desapareceu do quarto. Quando Bruna o encontrou, viu que ele empurrava a cadeira de rodas em direção ao mar revolto, permitindo que a água fria subisse até seu peito.
Apavorada, Bruna tentou impedi-lo, mas ele a empurrou com força:
— Pare de fingir que se importa comigo. Você é só minha namorada, não minha esposa. Se realmente quer cuidar de mim, com esse vento e essas ondas fortes, dê uma volta nadando, aí eu faço tudo o que você mandar.
Bruna ficou olhando para ele, atônita. Na verdade, queria dizer que não estava fingindo, queria mesmo ser sua esposa.
Então, mesmo sem saber nadar, ela não hesitou e se lançou no mar.
Com as ondas e o vento fortes, logo foi engolida pela água e perdeu a consciência. Quando abriu os olhos novamente, encontrou o olhar preocupado de Henrique.
O rosto dele estava pálido, o maxilar tenso:
— Por que você não me disse que não sabia nadar? Ficou louca? Como teve coragem de pular sem saber nadar?
Ela ergueu o rosto para ele, a voz rouca:
— Henrique, mesmo que suas pernas nunca melhorem, ainda quero me casar com você. Eu realmente... gosto de você mais do que imagina.
Depois daquele dia, Henrique nunca mais a levou à praia — até mesmo a piscina de casa ficou proibida de ser enchida.
Foi ela quem achou estranho a piscina estar sempre vazia, e só por isso Henrique cedeu, permitindo que os empregados enchessem e trocassem a água todos os dias.
Pensando nisso, Bruna forçou um sorriso, o rosto sem expressão:

Verifique o captcha para ler o conteúdo
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Adeus Sem Perdão (de Raquel Tavares)