Na manhã seguinte, Bruna mal havia acordado quando ouviu risadas doces vindas do segundo andar.
Ela se levantou e caminhou para fora do quarto. De longe, avistou o saguão no segundo andar, onde Henrique ensinava Olívia a arrumar flores.
Os dois estavam bem próximos, e Henrique explicava com gentileza para Olívia como podar cada tipo de flor.
Ao ver aquela cena acolhedora, Bruna sentiu-se um pouco atordoada.
Quando Henrique sofrera o acidente, ela se preocupara que ele ficasse entediado e, por um tempo, tomara a iniciativa de lhe ensinar a arte floral.
O homem tinha excelente memória, ela só precisara explicar uma vez para ele aprender.
Depois disso, ele pedia para o assistente comprar flores, e a primeira coisa que fazia ao acordar era arrumar um buquê para deixar ao lado da cama dela.
Mas, desde que Olívia voltara ao país, parecia que ele não fazia mais isso…
Os cílios de Bruna baixaram levemente, escondendo a solidão em seu olhar.
Ela desceu as escadas, indo em direção ao café da manhã.
Porém, mal dera alguns passos, quando um vaso pesado caiu sobre ela, jogando-a ao chão.
Houve um estrondo.
Seu crânio se rompeu instantaneamente, e sangue fresco escorreu de sua cabeça, causando-lhe uma dor tão intensa que ela se encolheu no chão.
Atordoada, viu Olívia descendo lentamente do segundo andar, com um sorriso radiante no rosto:
— Puxa vida, cunhada, só queria te mostrar as flores que acabei de arrumar, mas escorreguei sem querer e acabei acertando sua cabeça.
— E agora? Você está toda ensanguentada, é assustador... se quiser, posso chamar uma ambulância, mas estou tão nervosa que nem consigo pegar o celular. Você não vai ficar brava comigo, né? Cunhada, aguenta só mais um pouco…
Bruna desmaiou de dor antes mesmo de ouvir tudo.
Depois, foi uma das empregadas que a encontrou, assustou-se e correu para levá-la ao hospital.
Quando voltou a si, já era meio-dia.
A cabeça de Bruna foi costurada com trinta pontos, um aspecto perturbador.
O médico disse que ela sofrera uma leve concussão, acompanhada de perda temporária da visão no olho direito.
Henrique estava ao lado da cama, curvando-se para perguntar se doía, preocupado, ajudando-a a se sentar e oferecendo água.
Seu comportamento era de cuidado, mas as palavras que dizia defendiam Olívia.
— A Olívia já percebeu o erro, está muito arrependida, quase desmaiou de remorso agora há pouco.
— Quando a empregada te trouxe ao hospital, um jornalista de fofoca viu tudo, agora estão esperando que você esclareça os fatos.
— Bruna, diga para a imprensa que você se machucou ao tropeçar, assim a Família Batista vai te dever um favor. Você sabe, Olívia é a Srta. Chita, ela já salvou minha vida uma vez…
Bruna virou-se de costas e puxou o cobertor sobre a cabeça.
Não sabia dizer se era o corpo ou o coração que mais doía. Encolhida debaixo das cobertas, seus olhos se encheram de lágrimas.
Lembrou-se do tempo em que estava doente, com febres recorrentes, e Henrique contratara três médicos particulares para vigiá-la vinte e quatro horas por dia.
Quando sentia cólicas, Henrique a mimava o dia inteiro, exigindo que ela ficasse deitada, sem se preocupar com nada.
Agora, aquele homem diante dela já não era o mesmo.
Henrique notou que Bruna chorava baixinho na cama. Sentiu o coração apertado e estava prestes a consolá-la, quando uma enfermeira entrou apressada.
— Diretor Machado, a moça que veio com o senhor esta manhã acabou de desmaiar de tanto chorar. O senhor não quer ir vê-la?



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