No dia seguinte, Henrique ficou o dia inteiro no quarto de hospital de Olívia.
Ele a persuadiu a fazer exames, a tomar remédios.
Mesmo que o quarto de Bruna estivesse apenas um andar abaixo, ele não foi visitá-la nenhuma vez.
No fim da tarde, Olívia começou a insistir que queria ter alta.
Henrique levou Olívia de volta à mansão e, com paciência, ficou ao lado dela até que adormecesse.
O mordomo, ao vê-lo finalmente descer as escadas, aproximou-se com uma caixa de presente cinza, hesitando ao falar:
— A senhora voltou ontem e pediu que eu entregasse isto ao senhor.
Henrique pegou a caixa cinza, com o semblante fechado:
— Ela teve alta? Eu não disse para ela ficar no hospital para se recuperar? Por que voltou para casa?
— Será que ela fez um escândalo de novo? Eu já não expliquei para ela? Eu e Olívia somos apenas amigos, eu a vejo como uma irmã...
Ao abrir a caixa cinza, Henrique se deparou com um anel de noivado reluzente, ficando momentaneamente surpreso.
O mordomo sussurrou ao lado:
— A senhora também disse que deixou uma carta para o senhor no escritório do segundo andar.
Henrique afrouxou a gravata, sentindo uma inquietação inexplicável no peito, e subiu apressado para o escritório.
Sobre a escrivaninha, de fato, havia uma carta.
Ao ver as palavras "Carta de Despedida", Henrique foi tomado por um mau pressentimento.
Ele leu cada palavra até o fim e, ao terminar, sua mente explodiu, tomado por um pânico jamais sentido antes.
Acabou.
Naquele dia, quando Natália conversou com ele no hospital, Bruna ouvira tudo...
A teia de mentiras meticulosamente construída havia sido desmascarada, e Henrique, sem saber o que fazer, pegou o celular para ligar para Bruna, quando seu olhar caiu sobre uma fotografia em cima da mesa.
Na foto, a jovem usava um macacão vermelho de automobilismo, sentada de forma despojada dentro de um carro de corrida.
Ela tirava a máscara, fazendo um sinal de vitória com a mão direita e sorrindo abertamente para a câmera.
Espere, esse rosto da Srta. Chita...
Então... Bruna era a piloto que salvara sua vida na pista, a quem ele sempre quis agradecer, a "Srta. Chita" ?
Impossível!
Com as mãos trêmulas, Henrique discou o número de Bruna.
Logo, uma voz fria soou no celular — o número chamado havia sido cancelado.
Henrique, ainda sem desistir, enviou uma mensagem para o WhatsApp de Bruna.
O WhatsApp de Bruna também estava desativado.
Tentou de todas as formas entrar em contato com Bruna, mas todas as tentativas foram em vão.
Restou-lhe ligar para Estela, a melhor amiga de Bruna.
Pensando bem, durante os cinco anos em que ficou incapacitado, no dia em que o médico anunciou sua recuperação total das pernas...
Ele se levantou devagar e abraçou Bruna, dizendo com emoção:
— Bruna, obrigado por salvar minha vida.
Se não fosse por Bruna ter cuidado dele o tempo todo, talvez ele nunca tivesse chegado até ali.
Naquele momento, Bruna sorriu com malícia:
— Com essa, já são duas vezes que salvei sua vida.
Ele ainda quis perguntar mais, mas Olívia ligou, interrompendo seus pensamentos.
Ao perceber que foi enganado durante doze anos, Henrique quase explodiu de fúria!
A passos largos, foi até o quarto ao lado e sacudiu Olívia, que dormia profundamente.
Ainda sonolenta, Olívia viu o Henrique furioso diante dela e, pressentindo o que estava por vir, pegou rapidamente a foto caída sobre a cama.
Ao ver a foto, o pânico deu lugar a um ciúme intenso em seu olhar, esquecendo-se até de disfarçar!
— Impossível! Como uma mulher insignificante como Bruna poderia ser a Srta. Chita!
Naquela época, apesar de ter apenas dezesseis anos, a Srta. Chita era uma das maiores pilotos em Cidade Luz.
Henrique aproximou-se de Olívia, os olhos ardendo de raiva.
— Eu confirmei, Bruna é a Srta. Chita, e Srta. Chita é Bruna!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um Adeus Sem Perdão (de Raquel Tavares)